Apesar dos imensos posts que surgirão pelo wordpress acerca de M. Night Shyamalan, com a estreia de Lady in the Water, não resisto, também eu, a deixar algumas palavras sobre o filme e sobre o próprio Shyamalan.
Talvez seja eu suspeita, porque me considero fã das suas obras. Mas, e arriscando-me a ser também eu criticada: gostei bastante do filme.
Não esperemos um filme de terror, não esperemos assustar-nos. Para mim, o filme é simplesmente o que é: um conto de fadas recheado de humor.
De algumas criticas que tenho lido por aí, o filme é visto por muitos como somente uma “birra” de Shyamalan, que pretende criticar a todo o custo os críticos de filmes. E sim, ele critica-os. Porque não, dizer o que bem lhe apetece? Vejo um pouco, como um acto de coragem, de quem não se importa do que poderão dizer de mal, ao invés de um acto de birra ou vingança.
Uma das coisas que mais admiro nos seus filmes, prende-se com a aura de mistério em que nos consegue envolver. Não acho que este seja a excepção, muito pelo contrário. Apesar das inúmeras cenas que nos fazem rir, não senti que quebrassem a aura de mistério, mas sim que a conseguiam complementar. Um mundo de fantasia, de história de encantar, um mundo inocente, mas que em simultâneo consegue ser negro. Nos filmes de suspense ou terror, que pretendem apanhar-nos pela sensação de susto, o humor nitidamente quebra o ritmo do filme, e consegue, por vezes, estragá-lo. Este não é um desses filmes.
Não esperemos mais um famoso twist, como em O Sexto Sentido, mas simplesmente um conto de fadas, contado aos adultos. Há que salientar, o brilhante papel levado a cabo por Paul Giamatti, a atitude cómica, de um homem que após perder o que mais amara, se dedica a ajudar os outros. Um homem que acredita de imediato que um conto de fadas pode ser real, e que faz tudo para que o consiga desvendar.
A leveza das personagens em acreditar que se trata de uma história real, mostra, quanto a mim, um lado inocente de esperança que deveria restar em cada um de nós.
Quanto ao gosto de Shyamalan em aparecer nos seus próprios filmes, tantas vezes criticado como narcisismo: qual o mal em gostar de dar vida às nossas criações? Fazer algo, e dar a cara pelo trabalho feito, é quanto a mim, mais uma prova de coragem.
Lady in the Water não é um filme perfeito, obviamente. Mas é um filme bem feito.
Poderá não ser um filme sério. Serão sérios os contos de fadas?
Colocando os vários filmes de Shyamalan por ordem de preferência, penso que dificilmente algum destronará O Sexto Sentido. O filme marcou uma era e todos recordamos a primeira vez em que o vimos. Seguidamente colocaria Lady in the Water e The Village, num patamar muito aproximado. (Duas brilhantes representações de Bryce Dallas Howard). Signs ficaria um pouco para trás, nunca me tendo convencido como os restantes. E por fim Unbreakable, que apesar de uma boa história, não teve em mim o impacto que os outros conseguiram ter. (Como costumo dizer, há filmes que nos chamam a atenção, outros nem por isso, independentemente da sua maior ou menor qualidade).
Psicologicamente Narf…